quarta-feira, 11 de junho de 2008

OPERAÇÃO DE GUERRA PARA BLINDAR DILMA


A base aliada do governo traçou nesta terça-feira a estratégia para blindar a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, onde a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu depõe nesta quarta-feira para apresentar detalhes sobre a venda da Varig. Os aliados se reuniram no Palácio do Planalto a pedido do ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais), com a presença de Dilma, para discutir como vão enfrentar as acusações de Abreu.

A ex-diretora da Anac afirma que Dilma desestimulou a agência a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira de três sócios brasileiros (Marco Antonio Audi, Luiz Eduardo Gallo e Marcos Haftel) para comprar a Varig e a VarigLog junto com o fundo norte-americano Matlin Patterson --uma vez que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas.

Dilma apresentou aos governistas que integram a Comissão de Infra-Estrutura do Senado uma cronologia da venda da Varig, desde 2005, com o objetivo de convencê-los de que a Casa Civil não atuou para ceder o controle da empresa ao fundo norte-americano. A cronologia vai se transformar em um documento que será entregue aos governistas da comissão para rebater acusações da oposição e da ex-diretora da Anac.

A ministra chegou a lembrar os leilões não sucedidos para a venda da Varig, além de reforçar que a decisão de vender a empresa para um fundo internacional foi tomada pela então direção da Anac em dois momentos distintos --argumentos que serão usadas pelos governistas para rebater as acusações de que Dilma praticou tráfico de influência na operação.

"Ela [Dilma] explicou que a Casa Civil teve pouca participação no processo de venda da Varig. O que a ministra fazia era conversar com a Anac. Teve leilão, não houve nenhum interessado. Foi esclarecida a cronologia dos fatos para darmos uma satisfação à sociedade", disse o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES).

O senador afirmou que a ministra e o governo não sabem as motivações que levaram Abreu a disparar denúncias contra Dilma. Na opinião do líder, a ex-diretora da Anac não pode afirmar que autorizou a venda da Varig ao fundo internacional porque estava sendo pressionada pela Casa Civil.

"Quem está em um cargo desses tem que saber lidar com pressões. Os interesses comerciais circundam essas decisões", afirmou.Segundo Casagrande, os governistas vão evitar a politização do depoimento de Abreu para que o caso possa ser esclarecido. O líder não descarta, no entanto, que Dilma compareça pessoalmente para explicar a operação. "Vamos ver se vale a pena trazer a ministra."

Defesa

A Folha Online apurou que, na conversa com os senadores governistas, Dilma negou que tenha atuado para favorecer a venda da Varig e da VarigLog para o fundo norte-americano. A secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, também participou do encontro para apresentar aos parlamentares as informações técnicas sobre a venda da Varig.

Casagrande disse que Dilma confirmou que mantinha conversas com Abreu, mas no âmbito das decisões que foram tomadas pela Anac. "A ministra disse que não teve nenhuma interferência na transferência do controle para os fundos", afirmou.

A ex-diretora da Anac já confirmou presença no depoimento, assim como Leor Lomanto, outro ex-diretor da Anac. O ex-presidente da agência Milton Zuanazzi, apesar de ter sido convidado para prestar depoimento amanhã, ainda não confirmou presença.


FONTE:

BLOG REINALDO AZEVEDO

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