segunda-feira, 28 de abril de 2008

AMBULANCIOTERAPIA

Saúde edita norma para conter ‘ambulacioterapia’
João Maria AlvesSAÚDE - José Renato, diretor do HWG, diz que medida deveria ter entrado em vigor no ano passado25/04/2008 - Tribuna do Norte O envio, sem critérios, de pacientes de todo o Rio Grande do Norte para o Hospital Walfredo Gurgel, se tornou a justificativa comum para a superlotação da unidade, tanto que ganhou nome próprio: “ambulancioterapia”. Agora, o atual diretor, José Renato Machado, acredita que esse problema pode estar com os dias contados. Uma nova regulamentação (a Portaria 118 da Sesap) pretende evitar que os hospitais mandem seus pacientes para a capital sem comunicação prévia. A regra será posta em prática dia 1º de maio e deve reduzir pela metade as 500 internações mensais de doentes do interior. “Infelizmente existe, e não só entre os leigos, uma cultura de que a pressa é que resolve a urgência, mas não é assim. Acredito que, hoje, 50% desses pacientes que vêm de outros hospitais não precisariam estar aqui, se houvesse uma orientação adequada”, ressalta José Renato. O objetivo é que antes de enviar a ambulância, os médicos, enfermeiros ou técnicos de enfermagem locais entrem em contato com o hospital de destino.No Walfredo (e posteriormente em outras unidades), uma equipe irá atender o chamado, definindo se o caso deve ser encaminhado ao HWG, a outro hospital de referência, ou mesmo se pode ser tratado sem a necessidade da transferência. “Em várias situações, com auxílio e orientação de nossos especialistas, os casos poderão ser resolvidos no local, sem a necessidade de enviarem o doente ao Walfredo”, ressalta o diretor. Segundo ele, a forma “apressada” e equivocada com que esse envio é feito hoje pode levar a complicações ainda maiores. “Muitas pessoas são encaminhadas de qualquer maneira, ao local inadequado e, sequer, sem um primeiro atendimento, ou a estabilização do quadro, o que é fundamental em caso de urgências. Tudo passa a depender, então, da habilidade do motorista, mas pressa não resolve as urgências”, enfatiza. José Renato lembra que essa reação quase mecânica de enviar o doente, sem ao menos avaliar o quadro geral, leva a situações ainda mais graves. “Parece brincadeira, mas muitas vezes o médico determina para onde ele deve ser levado, mas a família, ou mesmo o motorista é quem acabam resolvendo para onde vai”, revela, lembrando que essa decisão leva em conta até mesmo o valor da diária do condutor da ambulância (que é maior quanto mais longa for a viagem).O diretor do HWG reconhece que há resistência à idéia (que deveria ter sido implantada em julho de 2007, mas foi adiada exatamente devido a essa oposição), porém garante que não haverá prejuízos às unidades do interior. “Não vamos impedir que os doentes venham para cá, apenas queremos saber o motivo desse envio. Dependendo do caso, a transferência será inclusive desnecessária e o profissional poderá resolver o problema lá, com ajuda de nossa equipe, ou ter a opção de encaminhar a uma unidade mais próxima”, destaca.Para isso, um médico regulador irá trabalhar junto à Unidade de Gerenciamento de Vagas e Leitos (UGV) do hospital e cada especialidade também deverá ter um médico de sobreaviso, à disposição para atender e orientar à distância os possíveis chamados. “Poderemos até mesmo fazer permutas, enviando na ambulância que trouxer o paciente de urgência, algum outro que já possa retornar à cidade”, cogita José Renato.Medida ajuda na consolidação da rede de saúde pública do RNA adoção da “Portaria 118” é considerado um segundo passo na consolidação da “rede” de saúde pública do Estado, uma que vez inicialmente haverá gerenciamento dos leitos nas unidades estaduais (23 ao todo) e posteriormente em todas que atendam pelo Sistema Único de Saúde no Rio Grande do Norte (146). O primeiro passo foi a adoção da triagem dos pacientes que chegam ao pronto-socorro do Walfredo Gurgel, dos quais agora muitos são encaminhados aos postos de saúde. “Com esse novo mecanismo, poderemos ter ainda um mapeamento, um diagnóstico geral da rede”, diz Renato.

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