sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O NEGÓCIO, BARRETÃO, E MONTAR A CARAVANA ROLIDEI…

Pois é… Ele está em busca de motivos para o fato de o filme ter naufragado. Acho curioso que ele não pense numa hipótese simples, corriqueira: a ruindade da obra. Um produtor experiente como ele sabe que, no cinema, nada substitui o diz-que-diz-que… E, máxima vênia, “diz que” o filme é ruim pra caramba! Aí o telespectador foge mesmo.

Um amigo que viu — ainda não paguei essa penitência — jura que a fita está indo é bem demais. E atribui esse fato à militância petista. Segundo ele, sem uma certa caridade ideológica ou a obrigação profissional (caso dele), é duro segurar a peteca até o fim.

Barretão sabe que não tem essa de lançamento errado, Avatar etc. Foram dois os erros principais:
a) O primeiro foi mesmo de expectativa. O filme mais caro da história do cinema brasileiro ambicionou ser o de maior bilheteria;
b) se a expectativa era essa, já expliquei em outro texto que a personagem teria de ser outra.

Tudo me faz crer — quando eu vir, digo se concordo com isso — que a personagem das telas não corresponde à personagem de verdade. O Lula que está lá, mesmo romanceado e já filtrado pela estética das novelas, é o intelectual orgânico da classe trabalhadora, o herói sem máculas, o predestinado, o que antevê o futuro, sempre muito sério, muito grave…

O Lula de verdade é bem mais macunaímico, né? É o cara que gosta de enchente porque não precisa trabalhar; é o sujeito que inaugura uma unidade popular de saúde e diz que até dá vontade de ficar doente só pra ser atendido ali; é o sujeito que se orgulha de não estudar…

Leram Memórias de um Sargento de Milícias? Não? Então leiam. É uma delícia! Lula é o Leonardo Pataca que deu certo. O chamado “povo” aprecia nele mais os aspectos picarescos de sua personalidade do que esse misto de realismo socialista com Glória Perez, que, parece, foi levado às telas.

E agora? O filme foi imaginado para seduzir platéias fora da órbita da militância petista. Está claro que ninguém está disposto em gastar alguns tostões a mais. O que fazer? Sugiro que Barretão se inspire em Cacá Diegues — ou em de seus filmes: Bye Bye Brasil. O negócio é montar a Caravana Rolidei e sair por aí, oferecendo o filme de graça. Ou quase. Ao fim da apresentação, Salomé e Lorde Cigano passam o chapéu.
FONTE: BLOG DO REINALDO

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